Entre as inúmeras dificuldades que o Brasil vem enfrentando neste momento, uma das mais tristes, do meu ponto de vista, é a volta da inflação. É a sensação de que estamos perdendo uma das nossas maiores conquistas das últimas décadas: a estabilidade econômica, o principal instrumento para o ganho real de qualidade de vida da população.

Qualquer brasileiro com mais de 25 anos tem lembrança de como era a vida com a hiperinflação. Os preços aumentavam, às vezes, mais de uma vez ao longo do dia. Ninguém conseguia fazer nenhum tipo de planejamento. As famílias tinham dificuldades de programar a compra de um bem durável.

O Plano Real trouxe uma realidade não conhecida pelo brasileiro. Cada trabalhador passou a conhecer o valor real do seu trabalho, sabia exatamente o que dava para comprar e as famílias brasileiras deram um salto na qualidade de vida.

Pela primeira vez, conseguiram planejar suas compras, seus momentos de lazer e até mesmo o futuro dos filhos. Foi possível fazer, por exemplo, uma poupança pensando na universidade ou para a compra de uma casa própria. Afinal, dava para ter uma noção de quanto isso custaria por mês.

E agora? Como será a vida do brasileiro daqui pra frente? Já temos inflação próxima de dois dígitos, como não tínhamos há mais dez anos.

Os que mais sofrem com isso são exatamente os mais que ganham menos. As famílias com renda maior apertam seus orçamentos, cortam alguns gastos supérfluos mas acabam conseguindo de alguma maneira comprar o que estão acostumados para o dia a dia.

E quem vive com o salário contado? E quem não tem mais onde cortar? Nesses casos, o salário não fecha mais o mês e as pessoas passam a se alimentar pior, deixam de comprar até mesmo medicamentos e nem sequer pensam em diversão.
É triste ver que nosso povo corre o risco de perder essa conquista tão importante do poder de compra dos salários. O remédio que o governo tem aplicado – juros altos – não tem funcionado. Essa fórmula tem custado caro no bolso do povo e não tem conseguido combater a alta de preços.

Somente a com a recuperação da credibilidade, o governo brasileiro irá promover, ao mesmo tempo, queda na inflação e nos juros e retomada do crescimento. Não há outro caminho. Infelizmente, não vemos o governo da presidente Dilma caminhar nesta direção.