Em audiência pública com o ministro Aloizio Mercadante, deputado discute soluções para salvar os empregos do setor e como reduzir as perdas dos fundos de pensão

O deputado Rodrigo de Castro presidiu nesta quarta-feira (05/08) audiência pública da Comissão de Minas e Energia que debateu com o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, a crise na indústria naval brasileira. Somente em janeiro deste ano, foram 3 mil demissões nos estaleiros. Apesar de admitir que há uma forte crise no setor, agravada pelas revelações e prisões da Operação Lava Jato, Mercadante não apresentou nenhum planejamento do governo para a retomada dos investimentos e garantia dos empregos. Atualmente, são 69 mil empregados no setor naval brasileiro, mas esse número já chegou a 82 mil.

“Infelizmente, a previsão é de que em 2015 teremos um cenário ainda pior para os empregos na indústria naval. Pela apresentação do próprio ministro, há uma previsão de que menos contratos sejam firmados nos próximos anos, além de haver uma diminuição dos recursos disponíveis para o financiamento dos projetos. Mesmo diante de tantas dificuldades, percebemos que o governo da presidente Dilma não tem um plano de trabalho para tentar salvar os milhares de empregos da indústria naval” afirmou Rodrigo de Castro.

O ministro creditou a crise no setor à queda do preço do Petróleo no mercado internacional e aos escândalos de corrupção na Petrobras que, segundo estudos apresentados por ele, terão impacto negativo de 1% no PIB brasileiro neste ano. Especificamente em relação à indústria naval, o principal entrave está na empresa Sete Brasil, que foi criada para gerenciar as sondas de exploração de petróleo. Responsável por encomendas de sondas para os estaleiros, a empresa está envolvida na Operação Lava Jato e tem tido dificuldades de obter financiamentos e honrar seus compromissos com os estaleiros.

Mercadante defendeu que a Sete Brasil seja recapitalizada, mas não especificou como isso deve ser feito. O ministro admitiu que, diante da crise, alguns estaleiros serão fechados e haverá demissões, mas acredita que a médio e longo prazo haverá uma recuperação do setor. Ele acredita ainda que o Brasil deve investir em pesquisa para ganhar competitividade e agregar valor e que a participação do governo nessas atividades é fundamental.

Fundos de pensão
Entre os sócios da empresa Sete Brasil, estão bancos, empresas privadas, a própria Petrobras e fundos de pensão. Rodrigo de Castro demonstrou preocupação com o prejuízo que os fundos possam ter prejudicando trabalhadores. O prejuízo estimado é de R$ 2,5 bilhões. O fundo dos funcionários do Banco do Brasil (Previ) e da Caixa Econômica Federal (Funcef) estão entre os acionistas da Sete Brasil.

Os fundos de pensão atravessam um momento muito difícil no Brasil e tememos que os erros de gestão da Sete Brasil tragam grandes prejuízos para os trabalhadores“, afirmou o deputado.

Ainda durante a audiência, o ministro sugeriu que seja feito um trabalho conjunto entre técnicos do governo e membros da Comissão de Minas e Energia para que seja avaliada a situação de cada estaleiro brasileiro.