O desemprego chegou a 8,2% no mês de fevereiro, o pior resultado para o mês em sete anos. Neste cenário, o setor da construção civil, especificamente, pode ser escolhido como a síntese da crise que vivemos. Atingido diretamente pela paralisia dos setores públicos e privados, somente em Minas Gerais, nos dois primeiros meses do ano, 2.771 vagas foram fechadas. A desocupação nesta área cresceu mais de 50% com relação ao ano passado.

Infelizmente não temos neste momento nenhuma obra de grande porte em andamento num estado gigantesco como Minas Gerais. Somente no Programa de Aceleração no Crescimento (PAC), o governo federal já cortou mais de 4 bilhões de reais neste ano. O governo do estado também não tem recursos para investir.

Obras fundamentais para Minas Gerais como a ampliação do metrô e duplicação da BR-381, entre outras, nem sequer começaram ou estão paralisadas.

O setor privado também está em compasso de espera, já que o orçamento das famílias está muito apertado e as pessoas têm medo de tomarem uma decisão que terá reflexos a longo prazo.

Lamentavelmente, esse cenário não é exclusivo de Minas Gerais e as perspectivas não são boas até o final do ano. Especialmente agora que a Caixa Econômica Federal aumentou os juros do financiamento para a casa própria, dificultando ainda mais a vida de quem pretende comprar um imóvel.

Com um grande estoque de casas, apartamentos e salas à disposição, não faz sentido as construtoras iniciarem novos projetos, mantendo boa parte da mão de obra desocupada.

O mais preocupante é que uma paralisia como essa no setor da construção civil tem forte impacto em toda cadeia. O comércio de material de construção, por exemplo, também é fortemente atingido.

Sem falar nas próprias famílias dos trabalhadores que têm sido obrigadas a reduzir o consumo, prejudicando o comércio.

É um ciclo perverso e que só terá fim quando tivermos um governo com credibilidade e que convença que pretende levar a sério o ajuste fiscal e as medidas de que o país precisa.