As vendas no comércio vivem seu pior momento desde 2003. Diante da inflação que vem corroendo os salários e do desemprego em alta, o brasileiro tem segurado as compras, especialmente de bens duráveis, mas até mesmo nos supermercados os carrinhos andam mais vazios.

Na comparação entre junho deste ano e do ano passado, a queda foi de 2,7%. As vendas de eletrodomésticos e móveis, no entanto, caíram 13,6%.

Diante de um cenário tão inseguro como o que vive a nossa economia, o brasileiro está certo em não acertar compromissos de longo prazo.

É mais um exemplo da bola de neve em que está metida a economia do Brasil. Com o desemprego e a renda comprometida, as pessoas evitam de fazer novas compras, e os comerciantes também são obrigados a demitir. E assim seguimos.

Em Minas Gerais, por exemplo, as estimativas indicam que para cada trabalhador demitido na indústria extrativa, outros sete foram mandados embora nos setores de comércio e serviços. No primeiro semestre do ano, foram cortadas quase 600 vagas no setor extrativo. A média dos últimos anos era de 65 demissões. Com esses números em mãos, dá pra calcular o número de vagas fechadas no comércio.

Esse é um exemplo de uma das principais atividades econômicas do meu estado, mas a situação se repete em diversas outras cadeias produtivas brasileiras.

As demissões levam a mudanças óbvias nas rotinas dos trabalhadores. Sem salário no fim do mês, as pessoas reduzem as compras ao máximo, diminuem o gasto com telefone, deixam de comer fora de casa, param de frequentar os salões de beleza. É um impacto direto e pesado no comércio e nos serviços.

Não podemos condenar quem segura seus gastos diante de um quadro tão incerto e infelizmente a bola de neve continuará crescendo e atropelando nossos trabalhadores. O brasileiro só voltará às lojas e aos shoppings quando sentir novamente confiança no futuro. Triste é não conseguir nem imaginar quando isso acontecerá.