Há exatos 126 anos, no dia 15 de novembro de 1889, o Brasil iniciou seu processo de democratização, e hoje, sem dúvida, podemos dizer que somos uma das maiores democracias do mundo. Tivemos duros anos de ditadura militar, mas conseguimos superar esse triste capítulo da nossa história, e vivemos agora um amplo regime democrático. Ao contrário do que muitos disseram nos últimos meses, nossas instituições atuam para garantir que todos os processos desencadeados no país ocorram dentro da lei. E mesmo no caso de um impeachment presidencial, os princípios legais e democráticos seriam respeitados.

Enquanto países vizinhos ao Brasil enfrentam dificuldades em seus regimes democráticos, o Brasil segue forte neste princípio. Somos quase 200 milhões de brasileiros e vamos às urnas de dois em dois anos para eleger nossos representantes, respeitando a vontade da maioria. Da mesma forma, é democrático pensar e articular a saída do representante eleito quando ele descumpre o que ofereceu aos eleitores durante a campanha eleitoral. E é mais esse capítulo da democracia que o Brasil vive hoje ao discutir todas as mentiras ditas e prometidas por Dilma Rousseff. Não há tentativa de golpe.

A saída do PT do comando do nosso país faria um bem enorme à nossa democracia. Isso porque, em nome de garantir os interesses do partido e a riqueza pessoal de poucos, os petistas eliminaram alguns bons preceitos da ordem democrática e transformaram a política brasileira em um balcão de negócios do mais baixo nível.

O dinheiro tem comandado os rumos dos movimentos sociais, das empresas e órgãos públicos e de parte das bancadas no Congresso Nacional, eliminando a espontaneidade, o saudável debate de ideias e desestimulando a participação popular. Mas nada do que enfrentamos hoje é capaz de abalar a nossa democracia.

Assim como hoje, o Brasil de 1889 também vivia uma crise econômica. A Proclamação da República aconteceu exatamente em decorrência da crise do poder imperial e da ascensão de novas correntes de pensamento. E assim, como naquele momento de contestação do Império, acredito que hoje também os fatos nos chamam à reflexão sobre a necessidade de refundarmos a nossa República, mantendo vivos os sonhos e ideias de Marechal Deodoro e do grupo que o apoiou na derrubada do imperador Dom Pedro II. Mesmo 126 anos após a Proclamação da República, acho que não é tarde demais sonhar que conseguiremos recolocar a nossa democracia no caminho certo e vivê-la em sua plenitude.